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Falando de Pornografia

7 de agosto de 2012 Artigos 0 Comment

A pornografia é, em geral, acusada de ser causadora de muitas perversões físicas e mentais. O que me chamou a atenção, lendo uma Revista Científica Especializada, foi o conteúdo de uma comunicação de dois médicos indianos para esta Revista. O título é bastante sugestivo: Headaches Induced by Pornography Use – Cefaleia Induzida pelo Uso de Pornografia.

Nesse caso específico, não há perversão nem doença mental. Somente um quadro de cefaleia persistente e intensa pelo uso abusivo de pornografia.

Irei, portanto, traduzir a Carta ao Editor da Revista – Archives of Sexual Behavior (Arquivos de Comportamento Sexual), e que foi publicada online no dia 14 de junho de 2012.

Os autores da referida carta são os doutores Kuljeet Singh Amand e Vikas Dhikav, médicos do Department of Neurology, Posgraduate Institute of Medical Education and Research, Dr. Ram Manohar Lohia Hospital, Guru Gohind Singh Indraprasta Universiyy, New Delhi 110001, Índia.

Esta é a comunicação:
“Um homem de 24 anos, solteiro e especialista em software, sem causa conhecida de diabetes ou hipertensão arterial apresentou episódios de uma severa explosiva cefaleia generalizada por estar vendo vídeos pornográficos nos últimos 2 anos. A cefaleia desenvolvia-se gradualmente com 5 minutos de observação dos vídeos e alcançava seu pique com 8-10 minutos. A intensidade era tão severa que ele devia deixar de olhar os vídeos. Não era acompanhada de náusea, vômitos ou fobia aos sons barulhentos.
Progressivamente, ele começou a abster-se de assistir aos vídeos como recurso para evitar as cefaleias. Não havia história de cefaleia associada à masturbação e ao coito. Ele não relatava história de traumas cranianos ou meningoencefalite na primeira infância. Referiu não ter história de hemicrania, como cefaleia de tensão ou emocional.

O exame físico e sistêmico não apresentou fatos de importância. O exame neurológico foi normal. Foram normais os exames de imagem como Ressonância Magnética, Angiografia do Crânio e o Eletroencefalograma. Foi medicado com anti-inflamatórios não hormonais em combinação (Ibuprofeno 400 mg + Paracetamol 500 mg) meia hora antes de assistir os vídeos para verificar se ele reportava dor de relevante significância.

Cefaleias associadas com a atividade sexual não são comuns (Anand & Dhikav, 2009). Cefaleia pré-orgasmica pode ser devida a lesões tumorais. Cefaleia durante o orgasmo é com frequência severa e excruciante se há rotura de aneurisma ou como explosivo componente de uma cefaleia coital benigna. Cefaleia pós-coito pode ocorrer como uma manifestação de hemicrania (Banerjee, 1996). Um estudo de Frese et al. (2003) estratificou cefaleias associadas com atividade sexual e encontrou que havia uma preponderância masculina. Isso apresenta a aparição de dois piques (entre 20-24 e 35-44 anos). Pode ser de um tipo fraco e que aumenta gradualmente com a excitação sexual ou do tipo explosiva. A dor pode ser parietal bilateral ou difusa ou ocipital. A cefaleia associada com atividade sexual não foi bem demonstrada que esteja dependente de hábitos sexuais específicos e ocorre geralmente depois de atividade sexual com partner ou durante a masturbação. Existe uma alta comorbidade como hemicrania e com outros tipos de cefaleias (como: esforço benigno ou tipo tensional).

O mecanismo da cefaleia induzida por atividade sexual é principalmente devido a um efeito trigêmeo-vascular, mas há um componente muscular definido (Anand & Dhikav, 2009). A contração muscular tem papel primordial especialmente em cefaleias mais suaves que se tornam mais intensas com o incremento da excitação sexual. O provável mecanismo atrás da ocorrência de cefaleia no presente caso poderia ser uma alteração dos mecanismos de estimulação da fibras nervosas periféricas no sistema trigêmeo-vascular com aumento da sensibilidade dolorosa associado ao aumento do estado emocional, associado com o ato de assistir pornografia na televisão.”

References
Anand, K.S. & Dhikav, V> (2009). Primarry headache associated with sexual activity. Singapore Mediacal Journal, 50(5), e176-e177.
Banerjee, A. (1996). Coital emergencies.Postgratuate Medical Journal, 72, 653-656.
Frese, A., Frese, K., Schwaag, s., Husstedt, I. W., & Evans, S. (2003). Headache associated with sexual activity: Demography, clinical features, and comorbidity. Neurology,61, 796-800.

O caso em questão é realmente raro. Mas, o relatei devido as referências dos autores para as cefaleias relacionadas à atividade sexual, aquelas durante o orgasmo e aquelas após o coito. Durante a relação sexual há toda uma alteração da fisiologia normal do homem e da mulher. Há, especialmente, um aumento da pressão arterial, da frequência cardíaca, uma vasodilatação periférica (a pele da face do corpo ficam avermelhadas), aumento da frequência respiratória, além de outras menos importantes.

A cefaleia, em parte, é devida à dilatação das artérias cerebrais pressionando a massa encefálica e aos mecanismos acima citados.
Portanto, a situação é mais perigosa quando ocorre em pessoas hipertensas, devido a possibilidade de haver a rotura de um aneurisma cerebral pelo aumento da pressão arterial sobre as paredes das artérias, causando assim um Acidente Vascular Cerebral (AVC hemorrágico), muitas vezes fatal. Os homens mais idosos são os de maior risco.

Sendo assim, é importante que especialmente os hipertensos (homens e mulheres) procurem um cardiologista e se submetam a um tratamento severo de sua hipertensão.

Porém, isso não significa que as pessoas idosas não possam ou devam desfrutar de uma vida sexual saudável e acima de tido prazerosa.

Observação: infelizmente os autores não relatam se o tratamento por ele preconizado foi eficaz, isto, é poder o jovem continuar a assistir vídeos pornográficos sem apresentar cefaleia.

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